Nota rápida.
Acabamos de chegar a Ushuaia. Foram mais de 6.200 Km e 10 dias até aqui numa viagem fascinante, cheia de paisagens espetaculares. Para variar do calor que nos perseguia fomos recebidos com vento -muito vento - e frio. No momento 8º, mas a sensação térmica deve ser de zero ou menos.
Na sequencia mandarei os comentários da travessia da Patagonia, os comentários da Rô e as fotos (agora conseguimos normalizar nosso acesso à internet).
sábado, 28 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
O primeiro pinguim a gente nunca esquece...
A Patagônia nos recebeu com um céu azulzinho, feito esse que na maior parte do tempo a gente tem aí no Brazuca.
A diferença é que falta árvore, planta, aquela exuberância toda...É tudo muito árido, umas planícies enormes, pra lá de onde a vista alcança, sem nem uma arvorezinha...
E é estrada que não acaba mais porque na Patagônia tudo é longe! E meio deshabitado (tem esse "h" aí? nem sei...)Acho que deve ter assim -1 habitante por Km²...
Depois de 12 horas de viagem, chegamos à Península Valdez, mais precisamente na estância La Elvira - que não tem luz elétrica (só das 19:30hs à meia noite) e portanto nada de TV ou frigobar no quarto. Wild life, baby...
O dia seguinte (ainda en La Elvira) foi pra lá de especial: fomos ver pinguins, focas e leões marinhos. Mas, assim de pertinho! Com os pinguins quase deu pra trocar e-mail...fiquei BEM próxima mesmo! Uma emoção só!
Depois um passeio pela savana pra ver guanacos, ovelhas, raposinhas e um bicho engraçadíssimo chamado "mara" e que é uma mistura maluca: tem tamanho de coelho, corre como coelho, pula como canguru e tem uma carinha que lembra um tatu!
À tarde fizemos uma caminhada de 7 km pra esticar o esqueleto, senão daqui a pouco atrofia de tanto que fica sentado!
Agora, estamos em Comodoro Rivadavia, a caminho de Rio Gallegos, que por sua vez é também caminho para Usuhaia (eba!).
A diferença é que falta árvore, planta, aquela exuberância toda...É tudo muito árido, umas planícies enormes, pra lá de onde a vista alcança, sem nem uma arvorezinha...
E é estrada que não acaba mais porque na Patagônia tudo é longe! E meio deshabitado (tem esse "h" aí? nem sei...)Acho que deve ter assim -1 habitante por Km²...
Depois de 12 horas de viagem, chegamos à Península Valdez, mais precisamente na estância La Elvira - que não tem luz elétrica (só das 19:30hs à meia noite) e portanto nada de TV ou frigobar no quarto. Wild life, baby...
O dia seguinte (ainda en La Elvira) foi pra lá de especial: fomos ver pinguins, focas e leões marinhos. Mas, assim de pertinho! Com os pinguins quase deu pra trocar e-mail...fiquei BEM próxima mesmo! Uma emoção só!
Depois um passeio pela savana pra ver guanacos, ovelhas, raposinhas e um bicho engraçadíssimo chamado "mara" e que é uma mistura maluca: tem tamanho de coelho, corre como coelho, pula como canguru e tem uma carinha que lembra um tatu!
À tarde fizemos uma caminhada de 7 km pra esticar o esqueleto, senão daqui a pouco atrofia de tanto que fica sentado!
Agora, estamos em Comodoro Rivadavia, a caminho de Rio Gallegos, que por sua vez é também caminho para Usuhaia (eba!).
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Sinuca de Bico
Cruzamos hoje quase 900 km nas províncias de Santa Fé e Buenos Aires, a principal região produtora de grãos na Argentina, com uma topografia plana como uma mesa de sinuca e uma fertilidade como poucas no mundo. Isso bastaria para justificar a posição da Argentina como potência mundial agrícola, mas não parece ser esse o pensamento ou desejo do casal Kirchner. Eles criaram uma infame retenção de 35% sobre as exportações agrícolas colocando os produtores rurais de joelhos. No ano passado houve uma paralisação e depois um recuo dos ruralistas. O que vimos hoje, entretanto, é uma preparação intensa para um confronto monstro. Nos principais cruzamentos das estradas da região estão se concentrando produtores trazendo seus tratores, implementos e preparados para ficar nos bloqueios por muito tempo. Traillers, barracas, tanques de água estão por toda a parte.
Não se sabe quando começa e nem quando acaba. Na verdade já se teme que não acabe sem a queda do governo. É esperar para ver.
Torcemos para que não atrapalhe nossa viagem. No momento estamos nos afastando da região mais problemática. Já estamos em Bahia Blanca e amanhã vamos para Puerto Madryn.
Não se sabe quando começa e nem quando acaba. Na verdade já se teme que não acabe sem a queda do governo. É esperar para ver.
Torcemos para que não atrapalhe nossa viagem. No momento estamos nos afastando da região mais problemática. Já estamos em Bahia Blanca e amanhã vamos para Puerto Madryn.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Charlando y bebendo
Um intervalo amoroso em nossa viagem: encontro com nuestros amigos argentinos em La Isidora (el campo (*) de Juan Carlo). As fotos estão aí pra vcs verem.
Tudo muito especial, inclusive o tour pela propriedade conduzido por Don Perez - hombre del campo - que tem uma linda história de como ele aprendeu a ler e escrever aos 20 anos de idade.
Muito emocionante ver a alegria e orgulho de Juan Carlo a nos mostrar su tierra.
Muita conversa, e claro! bom vinho (várias botillas). Somos todos tão próximos e tão iguais afinal. O clima de La Isidora é bem parecido com a nossa Villa Grappa (Itu): lugares que ganham mais significado e brilho quando compartidos com amigos.
Cariños y besos para Juan Carlo, Suzana, Rubén y Silvia (los traigo en mi corazon para siempre).
(*) é assim: hacienda é o rebanho, estância é fazenda de gado e campo é fazenda de agricultura´- está claro?
Tudo muito especial, inclusive o tour pela propriedade conduzido por Don Perez - hombre del campo - que tem uma linda história de como ele aprendeu a ler e escrever aos 20 anos de idade.
Muito emocionante ver a alegria e orgulho de Juan Carlo a nos mostrar su tierra.
Muita conversa, e claro! bom vinho (várias botillas). Somos todos tão próximos e tão iguais afinal. O clima de La Isidora é bem parecido com a nossa Villa Grappa (Itu): lugares que ganham mais significado e brilho quando compartidos com amigos.
Cariños y besos para Juan Carlo, Suzana, Rubén y Silvia (los traigo en mi corazon para siempre).
(*) é assim: hacienda é o rebanho, estância é fazenda de gado e campo é fazenda de agricultura´- está claro?
"Céu tão azul, ilhas do Sul..."
O Brasil é realmente bossa nova! E aí, falando como Vinícius de Morais, que adorava a bossa nova e também diminutivos: é tudo verdinho, céu azulzinho...
Eucaliptos, araucárias e pinus, todos os tons de verdes, uma belezura que só. Esse país é lindo.
De Santana do Livramento: só uma avenida separa Brasil do Uruguay. De forma que de um lado se diz "bom dia" e de otro, "buenos". É um free shopping a céu aberto e o real vale quase 10 pesos! Conheço gente que ia fazer a festa por aqui! Mas, expedicionários não pensam em compras....(sniff!)
O sol nos acompanha todo o tempo, menos nas chegadas. Tanto em Santana do Livramento (Brazuca ainda) como em Paysandu (Uruguay) chegamos embaixo de muita, mas muita água!
Para explicar melhor, tomemos a na escada "Noéchter" (derivada da escala Richter, embora menos conhecida). Esta escala mede a chuva. Mas não em milímetros ou duração. Nãnãnina! Mede a aflição que a chuva causa em quem está debaixo dela. Aí, é assim de 1 a 1o, onde:
1= garoa fininha, que pensa que é chuva, mas nem molha e a gente nem liga;
10= vixi! quase dilúvio e dependendo da aflição a gente chega a ver Noé e sua arca!
Bem, o que pegamos foi assim grau 9!
Mas, aha! - chuvas não assustam expedicionários! A bordo do nosso Jeep e com as nossas capinhas de motoboy quase nem nos molhamos!
Deixamos o Brasil e agora só final de março!
Eucaliptos, araucárias e pinus, todos os tons de verdes, uma belezura que só. Esse país é lindo.
De Santana do Livramento: só uma avenida separa Brasil do Uruguay. De forma que de um lado se diz "bom dia" e de otro, "buenos". É um free shopping a céu aberto e o real vale quase 10 pesos! Conheço gente que ia fazer a festa por aqui! Mas, expedicionários não pensam em compras....(sniff!)
O sol nos acompanha todo o tempo, menos nas chegadas. Tanto em Santana do Livramento (Brazuca ainda) como em Paysandu (Uruguay) chegamos embaixo de muita, mas muita água!
Para explicar melhor, tomemos a na escada "Noéchter" (derivada da escala Richter, embora menos conhecida). Esta escala mede a chuva. Mas não em milímetros ou duração. Nãnãnina! Mede a aflição que a chuva causa em quem está debaixo dela. Aí, é assim de 1 a 1o, onde:
1= garoa fininha, que pensa que é chuva, mas nem molha e a gente nem liga;
10= vixi! quase dilúvio e dependendo da aflição a gente chega a ver Noé e sua arca!
Bem, o que pegamos foi assim grau 9!
Mas, aha! - chuvas não assustam expedicionários! A bordo do nosso Jeep e com as nossas capinhas de motoboy quase nem nos molhamos!
Deixamos o Brasil e agora só final de março!
Amigos para siempre
Nos conhecemos por questões profissionais, nos transformamos em sócios, mas logo descubrimos que nascia uma amizade que iria muito além dos negócios e nos manteria próximos, ainda que fisicamente nem tanto, por muito tempo.
Estar novamente com eles faz com que o tempo que não estivemos em contato seja logo superado e a conversa volte e flua como se estivéramos juntos na semana passada. As conversas são prazeirosas, estamos sempre às voltas com música, livros, viagens e, claro, comidas e vinhos. Falamos de nossos países, de suas diferenças e similaridades e certamente de política. Em geral a prática política nos faz muito parecidos, se bem que, pouco a pouco parece que os processos no Brasil estão ficando mais maduros e consequentes, pelo menos comparativamente aos da Argentina.
Futebol não falta nas conversas em especial se não se tem que discutir o último ou próximo Brasil x Argentina. Mas ouvir o Rubén falar com tanto orgulho do Lanús, só me
faz lembrar do Botinha, o grande Botafogo de Ribeirão Preto. Quem sabe volte a ter um
papel mais relevante
Seria o clássico das Américas.
Fica a certeza que amigos assim são para sempre e quem sabe poderemos recebê-los breve em Villa Grappa ou irmos juntos aos Lençois Maranhanses ou Amazônia.
Gracias por nos haver recibido en La Isidora. Nos vemos pronto!
La Isidora
Pudemos, antes da chuva, fazer um "recorrido" pela propriedade e ver a plantação de soja e a vacas holandesas responsáveis pela produção de leite. Quem nos levou ao passeio em um "carro ruso" foi Don Perez, que habita a região a decadas e cria cavalos lindíssimos. Fotos a seguir.
À noite um legitimo assado argentino, vinho e muita conversa para matar a saudade e nos atualizar do que estava se passando na vida de cada um. Filhos grandes saindo de casa foi o denominador comum.
Muita chuva de madrugada, mas muita chuva mesmo o que nos obrigou a sair com a tração 4x4 hoje e a pedir ajuda de um trator para auxiliar Rubén e Juan Carlos.
Acabamos de chegar em Rosario, uma viagem bem curta, menos de 2 horas. Ótimo pois manhã teremos mais de 10 horas até Bahia Blanca.
Passagem pelo Uruguai
Mais trabalhoso no entanto foi cruzar a fronteira com a Argentina. Fila, burocracia e morosidade de funcionários públicos nos fizeram perder mais de uma hora antes de cruzar a ponte que liga Paysandu no Uruguai a Colón na Argentina. Depois foi dirgir por mais duas horas antes de chegar a La Isidora, fazenda de um amigo.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
A Partida
Ufa!!!
Vida de caminhoneiro:13 horas de viagem de Itu a Passo Fundo, com direito a paradinhas rápidas a la Blitz ("xixi, chocolate, chicletes") e gasolina. Mesmo o almoço, em União da Vitória foi de 30 minutos. Ave!
Mas, enfim, coisas de expedicionários...
Agora tudo o que a gente quer é esticar o esqueleto e dormir muuuuuuuuuuuito!
Mas, enfim, coisas de expedicionários...
Agora tudo o que a gente quer é esticar o esqueleto e dormir muuuuuuuuuuuito!
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
Indo para o azul do fim do mundo...
Pronto! Lá vamos nós para a Patagônia! Tô levando meu gorro de "mano", minha roupa de motoboy (contra frio, chuva, vento...é nóis, certo?!) e mais uns cachecóis coloridos, amorosamente cedidos pela Marina (que tem um sorrisão tão lindo que ainda vai conquistar o mundo!)
Como ele mesmo disse, essa é uma viagem sonhada pelo Dudu desde a adolescência e há quase 1 ano ele está às voltas com mapas, e-mails, consultas a outros viajantes e leituras e mais leituras...tão típicas do leitor voraz que ele é.
Eu, ali, só acompanhando...E de repente vem barraca, sleep bag, caixa de ferramentas, de primeiros socorros, estepe adicional, "geladeira", galões para gasolina...Epa! Que viagem é essa?
Só aí me dei conta de que não é uma viagem, é uma expedição! Mas, como costumo dizer, qualquer paixão me diverte- e eu me divirto mesmo. Então, dou a mão pro Dudu e vou. Simples assim.
Mas, essa não é só mais uma viagem. Isso é um privilégio. Participar do sonho de alguém é uma grande honra, né não?
É assim que me sinto: muito honrada. E por isso mesmo dou o momento ares de celebração, com toda a pompa e circunstância. Sou grata desde já.
E não serão apenas as estradas, as paisagens. Acima de tudo esta é uma viagem para a descoberta dos "faróis do fim do mundo" de cada um de nós. É esperar e ver.
Como ele mesmo disse, essa é uma viagem sonhada pelo Dudu desde a adolescência e há quase 1 ano ele está às voltas com mapas, e-mails, consultas a outros viajantes e leituras e mais leituras...tão típicas do leitor voraz que ele é.
Eu, ali, só acompanhando...E de repente vem barraca, sleep bag, caixa de ferramentas, de primeiros socorros, estepe adicional, "geladeira", galões para gasolina...Epa! Que viagem é essa?
Só aí me dei conta de que não é uma viagem, é uma expedição! Mas, como costumo dizer, qualquer paixão me diverte- e eu me divirto mesmo. Então, dou a mão pro Dudu e vou. Simples assim.
Mas, essa não é só mais uma viagem. Isso é um privilégio. Participar do sonho de alguém é uma grande honra, né não?
É assim que me sinto: muito honrada. E por isso mesmo dou o momento ares de celebração, com toda a pompa e circunstância. Sou grata desde já.
E não serão apenas as estradas, as paisagens. Acima de tudo esta é uma viagem para a descoberta dos "faróis do fim do mundo" de cada um de nós. É esperar e ver.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Rumo Sul - Viagem ao fim do mundo
Com o livro na mão, antes mesmo de começar a lê-lo, já me perguntava onde seria aquele lugar. O livro era Um Farol no Fim do Mundo de Julio Verne e foi a primeira vez que entrei em contato com a Patagônia. Ao terminar de ler a estória, ainda adolescente, fiquei sonhando com uma jornada por aquelas bandas.
Tempos mais tarde ao terminar de ler outro livro -Na Patagônia de Bruce Chatwin - fiquei decidido a ir lá, a conhecer esse mundo inóspito, frio e açoitado por um vento constante.
De lá para cá se passaram algumas décadas e já lá estive por três vezes, em lugares diferentes dessa região de distância enormes. De avião ou de navio me foi possível conhecer as montanhas, as geleiras, as infindáveis planícies e a costa de mar bravio e gelado. Mas sempre carregava um gosto de quero mais, faltava conhecer em maior detalhe a geografia da Patagônia, explorar de forma mais lenta seus atrativos e travar contato com quem lá está. Entre os remanescentes dos índios Mapuches, os descendentes dos primeiros colonos galeses, os argentinos que lá vivem e os viajantes de outras latitudes que estão a cruzar suas estradas e trilhas haverá muita estória a ser ouvida, muita experiência a ser compartilhada, muita coisa para ser aprendida.
Entre caminhadas nas montanhas e geleiras e o conduzir pelas imensas planícies, entre longas conversas na beira do fogo degustando um bom vinho e o descobrir de um livro interessante, do apreciar uma nova música ao escutar um “causo”, do decifrar de receitas típicas à simples contemplação da natureza, nossa agenda estará repleta de atividades. Daquelas que fazem bem ao corpo e a alma.
Depois de alguns anos de maturação da idéia e algum tempo de planejamento eu e Rô sairemos, em meados de Fevereiro, para cumprir o roteiro que nos levará até o extremo sul do continente americano, passando por toda a Patagônia argentina e chilena, cruzando os Andes e os pampas, até voltarmos para casa. Serão cerca de 15.000 km em pouco mais de 40 dias de viagem. Ida e volta ao fim do mundo.
Saindo de Itu, rumaremos Sul em direção a Passo Fundo, cruzando o Uruguai para depois, entrando na Argentina, descer pelo litoral até cruzar o Estreito de Magalhães e chegar à Terra do Fogo, onde fica Ushuaia a cidade mais austral do mundo às margens do Canal de Beagle. A viagem de retorno será feita pelo interior, bordejando a Cordilheira dos Andes, subindo pela mítica Ruta 40 na Argentina, até atravessar as montanhas e chegar ao Pacífico. Depois de explorar os fiordes chilenos, o destino será Santiago do Chile e daí, cruzando os Andes uma vez mais, Mendoza já na Argentina. Depois seguiremos para a região das Missões no Rio Grande do Sul e de lá voltaremos para casa.
Certamente retornaremos com um sonho realizado, com muitas estórias para contar e com sons, cores e aromas de uma das regiões mais bonitas do planeta impressos em nossos sentidos.
Tempos mais tarde ao terminar de ler outro livro -Na Patagônia de Bruce Chatwin - fiquei decidido a ir lá, a conhecer esse mundo inóspito, frio e açoitado por um vento constante.
De lá para cá se passaram algumas décadas e já lá estive por três vezes, em lugares diferentes dessa região de distância enormes. De avião ou de navio me foi possível conhecer as montanhas, as geleiras, as infindáveis planícies e a costa de mar bravio e gelado. Mas sempre carregava um gosto de quero mais, faltava conhecer em maior detalhe a geografia da Patagônia, explorar de forma mais lenta seus atrativos e travar contato com quem lá está. Entre os remanescentes dos índios Mapuches, os descendentes dos primeiros colonos galeses, os argentinos que lá vivem e os viajantes de outras latitudes que estão a cruzar suas estradas e trilhas haverá muita estória a ser ouvida, muita experiência a ser compartilhada, muita coisa para ser aprendida.
Entre caminhadas nas montanhas e geleiras e o conduzir pelas imensas planícies, entre longas conversas na beira do fogo degustando um bom vinho e o descobrir de um livro interessante, do apreciar uma nova música ao escutar um “causo”, do decifrar de receitas típicas à simples contemplação da natureza, nossa agenda estará repleta de atividades. Daquelas que fazem bem ao corpo e a alma.
Depois de alguns anos de maturação da idéia e algum tempo de planejamento eu e Rô sairemos, em meados de Fevereiro, para cumprir o roteiro que nos levará até o extremo sul do continente americano, passando por toda a Patagônia argentina e chilena, cruzando os Andes e os pampas, até voltarmos para casa. Serão cerca de 15.000 km em pouco mais de 40 dias de viagem. Ida e volta ao fim do mundo.
Saindo de Itu, rumaremos Sul em direção a Passo Fundo, cruzando o Uruguai para depois, entrando na Argentina, descer pelo litoral até cruzar o Estreito de Magalhães e chegar à Terra do Fogo, onde fica Ushuaia a cidade mais austral do mundo às margens do Canal de Beagle. A viagem de retorno será feita pelo interior, bordejando a Cordilheira dos Andes, subindo pela mítica Ruta 40 na Argentina, até atravessar as montanhas e chegar ao Pacífico. Depois de explorar os fiordes chilenos, o destino será Santiago do Chile e daí, cruzando os Andes uma vez mais, Mendoza já na Argentina. Depois seguiremos para a região das Missões no Rio Grande do Sul e de lá voltaremos para casa.
Certamente retornaremos com um sonho realizado, com muitas estórias para contar e com sons, cores e aromas de uma das regiões mais bonitas do planeta impressos em nossos sentidos.
Nossa casa - 10 anos

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